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Nós precisamos mudar o mundo

Normalmente ao se falar de meio ambiente somos influenciados pela concepção medieval da separação entre a natureza e a humanidade, como se fossem estruturas que se contrapõem. Na verdade nós seres humanos não só fazemos parte do meio ambiente como também fazemos parte do chamado ambiente natural ou natureza, não como soberanos, mas como integrantes e com a mesma cota de importância ecológica de cada um dos organismos vivos, porém com uma diferença fundamental: somos o único animal pensante e o único predador capaz de destruir definitivamente o equilíbrio natural do planeta.

Todo o ambiente natural modificado pelo ser humano é chamado de ambiente cultural ou civilizado. Lamentavelmente o que se observa nestes espaços são quase sempre o total descaso e inconseqüência.

Durante muito tempo da existência do homem no planeta, a natureza e os fenômenos climáticos foram considerados como inimigos ou no mínimo empecilhos para o desenvolvimento da sociedade. Nós fomos muito influenciados por este sentimento pelo próprio cunho histórico da colonização que nossos antepassados empreenderam neste continente e especificamente na nossa região, incluindo aí todas as nossas raízes étnicas, exceto a indígena.

Recebemos geneticamente e aprendemos em casa e até mesmo na escola que para haver progresso e desenvolvimento precisamos dominar o ambiente e as forças naturais, seja para usufruirmos seus recursos ou para nos protegermos daquilo que é inconveniente (excesso ou falta de chuva, frio, calor, ventos, animais peçonhentos ou indesejáveis etc.) nem que para isso precisemos aniquilar o ambiente original e “recriá-lo” totalmente.

Ao longo de séculos se usufruiu de todos os recursos naturais que se conhecia utilidade e concomitantemente o planeta ia se adaptando a tais alterações - o que a princípio nem era tão difícil dado que a capacidade de destruição projetada pelo homem era relativamente branda quer fosse pela concentração populacional, quer pela tecnologia existente para fazê-lo - a partir, no entanto, da revolução industrial (séc. XIX) este panorama foi drasticamente modificado, pois de forma rápida criam-se ferramentas e maquinário capazes de modificar a paisagem e as relações entre ser humano e ambiente de maneira muito mais violenta. No campo substituem-se os arados de tração animal por máquinas motorizadas, cada vez mais a monocultura e a plantação extensiva, que já vinha sendo experimentada desde os séculos XV e XVI são utilizadas, com isso o desmatamento e as queimadas proliferam geometricamente. Nas cidades, as fábricas (com máquinas a vapor e logo em seguida com motores movidos por combustíveis derivados de petróleo) despejam na terra, na água e no ar milhões de toneladas de resíduos. Simultaneamente a concentração populacional nos grandes centros urbanos faz agravarem-se os problemas de saneamento ambiental e saúde pública.

Daí em diante a humanidade entrou numa nova era e inconscientemente optou por um caminho sem volta rumo a insustentabilidade do planeta. Agora temos que ser rigorosos e ao mesmo tempo audaciosos na busca permanente da preservação do que ainda resta e na recuperação daquilo que ainda é possível reconstituir - do que foi uma vez um ambiente equilibrado.

É iminente modificarmos algumas importantes relações que temos com o ambiente circundante para que talvez possamos penitenciar a humanidade de tantos atos criminosos que já cometeu contra o nosso mundo.


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